Ocorrem entre 17 e 18 mil abortos anuais em Portugal

Cerca de 350 mil mulheres portuguesas em idade fértil já terão realizado um aborto pelo menos uma vez, revela o estudo encomendado pela Associação para o Planeamento da Familia (APF), apresentado hoje na maternidade Alfredo da Costa, em Lísboa.
Com o objectivo de estudar o panorama português relativamente ao aborto clandestino, este trabalho científico indica que só no último ano terão sido realizadas entre 17 e 18 mil interrupções voluntárias da gravidez (IVG) ilegais. Estes números podem, no entanto, "pecar por defeito" segundo o dirigente da APF, Duarte Vilar, em declarações ao JN, dado que "incide sobre um comportamento ilegal e pode levar a alguma omissão".
Das duas mil inquiridas, com idades que vão dos 18 aos 49 anos, 72,7 por cento terão interrompido a gravidez até às dez semanas, subindo para 88,7 por cento até às 12. Uma alteração da legislação, que aliás é sujeita a referendo no próximo dia 11 de Fevereiro, implicaria que do universo de mulheres portuguesas que já praticaram um aborto, 260 mil delas fa-lo-ião legalmente.
Possuindo apenas o ensino básico (15,4 por cento), o secundário (13,2 por cento) ou formação superior (14,1 por cento), o perfil da mulher que aborta é transversal a toda a sociedade. A maioria das inquiridas (83 por cento) afirma ter feito apenas um aborto, reduzindo para 2,1 a percentagem das que admitem tê-lo feito por duas vezes. De acordo com o especialista em Saúde Pública, Constantino Sakallerides, estes números permitem concluir que a decisão da mulher em submeter-se a uma IVG não é encarada "com ligeireza".
As motivações referidas, segundo o mesmo, prendem-se sobretudo com "um conjunto de circunstâncias que não são controladas pelas mulheres". " São relativamente jovens, demasiado para ter filhos, numa fase da vida em que não há compromissos conjugais estabelecidos", explica. As pressões familiares e dos companheiros são também apontadas como determinantes na decisão de abortar.
A divergência social mais saliente neste estudo, diz respeito à religiosidade das mulheres que abortam. Apenas 2,6 por cento afirma ser praticante frequente, enquanto que 16,7 por cento assume-se como não praticante.
Fontes:
>JN
>Público
domingo, dezembro 03, 2006
Jovens cada vez mais dependentes dos pais

O relatório foca-se nos jovens entre os 15 e os 29 anos e resulta do cruzamento de dados oficiais auferidos entre 1990 e 2005.
As principais conclusões prendem-se com a cada vez maior dependência familiar dos jovens, fenómeno que se encontra relacionado com o prolongamento da escolarização, e consequente retardamento no mercado de trabalho.
A taxa de desemprego sobe na classe dos jovens entre os 25 e os 29 anos, o que os obriga a ocupar profissões menos qualificadas. A investigação revela que o desemprego qualificado deriva da "resistência a empregos precários ou desqualificados, fazendo uso do apoio familiar".
Outra conclusão do estudo é que os jovens casam e têm filhos mais tarde, pois procuram antes estabilizarem-se economicamente.
Contrariando estes dados, verifica-se um aumento de jovens empregados com ensino superior a ocuparem lugares de direcção e chefia, em consequência da crescente escolarização a nível universitário.
Os jovens menos qualificados continuam a ser aqueles que estão mais sujeitos a trabalhos precários e constantes mudanças de emprego, devido à baixa escolaridade e à escassez de oferta.
Fonte da imagem: RTP